The Last of Us: Entenda a decisão de Joel no Final

Poucas cenas na história dos videogames causaram tanto impacto quanto o final de The Last of Us. A decisão de Joel, ao salvar Ellie do procedimento dos Vaga-lumes, dividiu opiniões, gerou debates acalorados e permanece sendo um dos momentos mais discutidos da narrativa dos games modernos. Mas afinal: o que levou Joel a fazer o que fez? Foi egoísmo, amor, ou apenas uma escolha entre dois males? Neste artigo, vamos explorar os motivos por trás dessa escolha tão polêmica, analisando os aspectos emocionais, éticos e narrativos envolvidos, além das consequências que ela trouxe para a continuação da história.


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Trailer da 2ª Temporada:

O final de The Last of Us – Relembrando a cena

O que Joel fez e por que isso impactou tanto os fãs

Ao final do jogo, Joel descobre que a cura para a infecção do fungo Cordyceps pode estar em Ellie. No entanto, para extraí-la, os Vaga-lumes precisam sacrificar a garota. Joel, ao perceber que ela morrerá no processo, toma uma decisão drástica: invade o hospital, mata diversos membros dos Vaga-lumes, inclusive Marlene, e resgata Ellie sem que ela saiba exatamente o que aconteceu. Ele depois mente para ela, dizendo que os Vaga-lumes haviam desistido da cura.

Essa escolha chocou muitos jogadores porque rompe com o arquétipo clássico do herói altruísta. Joel não salva a humanidade. Ele salva sua “filha substituta”. E com isso, questiona-se: ele estava certo?

A força da narrativa está justamente em sua complexidade moral. Ao contrário de histórias tradicionais com heróis e vilões bem definidos, The Last of Us propõe um cenário onde as escolhas são difíceis e as consequências, inevitáveis. Joel não toma sua decisão por maldade, mas por amor — um amor que beira a obsessão e que coloca sua necessidade emocional acima do bem coletivo.

The Last of Us: Entenda a decisão de Joel no Final

A construção emocional de Joel e Ellie

Luto, trauma e o laço entre os dois

Desde o prólogo do jogo, Joel é retratado como um homem quebrado pela dor. A perda de sua filha Sarah o transformou em um sobrevivente frio e pragmático. Ele vive no modo automático, realizando contrabandos e evitando conexões pessoais. Ao longo da jornada com Ellie, esse casulo vai se rompendo. Ellie é espirituosa, valente e vulnerável. Ela não é apenas uma missão; ela se torna sua família.

Cada capítulo da jornada dos dois solidifica o vínculo entre eles. Desde o episódio do inverno, em que Ellie cuida de Joel enquanto ele está ferido, até momentos de descontração como os trocadilhos e conversas triviais, tudo é cuidadosamente construído para que o jogador também sinta esse afeto. O jogo não nos conta que Joel ama Ellie — ele nos faz sentir isso.

Joel perdeu tudo no início do surto. Ellie representa a redenção de uma vida destroçada. E é por isso que, no final, a ideia de perdê-la novamente se torna insuportável. Seu trauma molda sua decisão. Ele não age apenas como um protetor, mas como alguém que está tentando corrigir o que perdeu.

Joel e Ellie

Ética vs. Amor: Ele salvou Ellie ou condenou a humanidade?

Análise de dilemas morais em narrativas de jogos

Joel sabia que, ao salvar Ellie, poderia estar condenando a humanidade a continuar sofrendo com a infecção. Mas também sabia que ela não teve escolha. Os Vaga-lumes não pediram seu consentimento. E se Ellie não tivesse escolhido morrer?

Essa dualidade coloca em xeque o papel do herói clássico. Joel age movido por amor, mas também por egoísmo. Ele tira da humanidade uma chance de cura, mas salva a pessoa que deu sentido à sua existência. Em vez de agir como um símbolo de sacrifício, ele age como um pai.

Diversos filósofos analisaram dilemas morais semelhantes ao longo da história. A famosa equação do “trolley problem” se aplica bem aqui: você sacrificaria uma pessoa para salvar várias? Mas e se essa pessoa fosse alguém que você ama mais do que tudo?

No mundo de The Last of Us, onde as instituições ruíram, a moralidade passa a ser interpretada através das lentes individuais. Joel não confia mais em estruturas coletivas. Ele viu demais. Fez demais. E no fim, opta por preservar aquilo que o mantém vivo por dentro: Ellie.

O consentimento de Ellie: ela teria escolhido morrer?

Outro ponto importante no debate é o fato de que Ellie não foi consultada sobre o procedimento. Os Vaga-lumes agiram unilateralmente, decidindo por ela que sua vida valia menos do que a possível cura. Isso levanta um questionamento ético crucial: uma causa justa justifica métodos autoritários?

Há indícios, ao longo do jogo, de que Ellie estava disposta a se sacrificar pela cura. Ela fala, em momentos mais reflexivos, sobre querer que sua vida tenha um propósito. No entanto, isso nunca é dito de forma explícita. E Joel, tomado pelo medo da perda, opta por não dar a ela essa escolha.

Ellie descobre a verdade

O impacto da decisão em The Last of Us Part II

Como a escolha de Joel molda os eventos futuros

A escolha de Joel tem consequências profundas em The Last of Us Part II. A mentira contamina sua relação com Ellie. O ato de violência contra os Vaga-lumes leva à ascensão de novos antagonistas, como Abby, cuja vida também foi destruída pela decisão de Joel.

Abby é filha do médico cirurgião que seria responsável pelo procedimento em Ellie. A morte de seu pai nas mãos de Joel a leva por um caminho de vingança. Assim, a decisão tomada no hospital não apenas molda o futuro de Joel e Ellie, mas cria uma nova espiral de violência que afeta diversos outros personagens.

O segundo jogo é uma resposta direta ao primeiro. Ele mostra que escolhas motivadas pelo amor podem ter preços altíssimos. E que, num mundo destruído, não há escolhas puras. Há apenas sobrevivência e suas marcas. Ellie, ao descobrir a verdade, sente-se traída. E sua jornada em Part II é marcada por essa ferida aberta, que questiona a própria essência do amor e da justiça.

O ciclo da violência

A narrativa de The Last of Us Part II mostra como a violência gera violência. Joel mata para salvar Ellie. Abby mata para vingar seu pai. Ellie busca Abby por vingança. Cada personagem se vê preso em um ciclo que parece não ter fim.

Essa estrutura narrativa tem raízes em tragédias clássicas e nos força a refletir: até onde devemos ir por aqueles que amamos? E o que perdemos quando cruzamos certas linhas morais?

The Last of Us: Entenda a decisão de Joel no Final

Joel: Herói ou Vilão?

A zona cinzenta dos protagonistas modernos

Em jogos e filmes contemporâneos, é cada vez mais comum vermos protagonistas moralmente ambíguos. Joel é um exemplo perfeito disso. Ele não é o salvador da pátria, tampouco o monstro sem alma. Ele é humano — com falhas, virtudes e traumas profundos.

Essa representação aproxima os jogadores da narrativa. A empatia vem justamente dessa imperfeição. Joel não é idealizado. Ele é um reflexo de decisões difíceis que todos, em alguma medida, poderiam tomar em seu lugar.

O julgamento do jogador

Talvez o mais interessante seja que o jogo nos obriga a julgar Joel com base em nossas próprias convicções. Ele não é punido nem recompensado de forma explícita. A história termina, e somos nós que ficamos com o peso da dúvida. E esse desconforto é proposital — ele nos leva a pensar, debater e revisitar a experiência com novas perspectivas.

Joel

Repercussão entre os fãs e na indústria

Como a escolha de Joel redefiniu a narrativa nos videogames

A ousadia de The Last of Us em não seguir fórmulas óbvias influenciou uma geração de jogos. A decisão de Joel abriu caminho para narrativas mais adultas, onde escolhas não têm respostas simples e personagens são apresentados com todas as suas contradições.

A recepção do público foi intensa. Teorias, vídeos de análise e fóruns explodiram com debates sobre o que Joel fez. Algumas pessoas o defendem com unhas e dentes. Outras o condenam veementemente. Mas todas concordam em uma coisa: foi uma das decisões mais impactantes da história dos videogames.


Conclusão

Joel é um personagem humano em sua complexidade. Sua decisão final em The Last of Us é tanto um gesto de amor quanto um ato de desespero. Ele não é herói nem vilão. É apenas um homem que não estava disposto a perder outra filha.

Talvez seja justamente essa ambiguidade que torna The Last of Us uma obra tão memorável: ela nos obriga a confrontar nossas próprias noções de certo e errado, e a entender que, em alguns mundos, amar é um ato de guerra.

No fim, a pergunta que fica não é se Joel estava certo ou errado, mas se nós, em seu lugar, teríamos feito diferente.

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